domingo, 30 de janeiro de 2011

Avoir du souffle

O Cavaleiro e os Moinhos

Acreditar na existência dourada do sol
Mesmo que em plena boca
Nos bata o açoite contínuo da noite.

Arrebentar a corrente que envolve o amanhã,
Despertar as espadas,
Varrer as esfinges das encruzilhadas.

Todo esse tempo
Foi igual a dormir num navio:
Sem fazer movimento,
Mas tecendo o fio da água e do vento.

Eu, baderneiro, me tornei cavaleiro,
Malandramente pelos caminhos.
Meu companheiro tá armado até os dentes:
Já não há mais moinhos como os de antigamente.

Na voz de Elis Regina, de João Bosco & Aldir Blanc

sábado, 29 de janeiro de 2011

Niquer o níquel

Blogs me parecem recheados de idéias fixas. Questões filosóficas disputam parágrafos com vagueiam ao lado de games; memórias de amores; diários de viagens, sonhos lembrei que são justamente as idéias fixas que nos fazem ler, escrever e quem sabe - um dia - entendê-las ou sei lá, substituí - las. Tentemos.

Por aqui, linhas mal traçadas, neologizadas e cheias de indefinições. Dentre os textos que li, as mulheres são prolixas e lêem aquilo que não faz exatamente parte das palavras que ouvem.

Depois de um longo e tenebroso inverno, passou a parte dos níqueis. Claro, sempre há algo para colocar em dia ou para inserir na lista de compras. As vagas levaram - finalmente - a época da dureza e as palavras ganharam novas dimensões.

E ao olhar para mim, um companheiro de copo diz, " porque o importante é saber quanto vale o níquel" e , coloca o dedo indicador no polegar , no gesto tão conhecido que simboliza o "c...".

E o $$ não tinha a nada a ver com isso. Da piada para o verbo niquer (foder, em francês) foi um pulo. Pois é, quanto vale o níquel ? Quanto você vale como objeto de consumo sentimental?

Ai a coisa pegou. Putz, esse papo de que somos consumidas e consumidos como mais um produto recolhido na prateleira e depois descartados ao fim do aproveitamento, é inaceitável. Resumo do Amor Liquido de Bauman; confesso que me deprimiu e voltei a pensar em sair desse mundo.

O amigo continua sua vida cheia de pseudo-normas cujas necessidades carecem de fundamento. E eu, olho para ele, a espera do sinal. As amigas modernetes dizem que cabe a mim tomar as rédeas da situação e enfiar-lhe meu amor goela a baixo, ainda que ele não esboce um expressão facial objetiva de esperar ouvir algo do tipo.